Um pouco de história…
Em 2 de Março de 1958 o jornal “Defesa de Espinho” publicava o seguinte artigo, da autoria de António da Silva Alves e assinado com as iniciais – ASA:
«Parece que o decorrer inexorável dos anos, não consegue ofuscar as imagens timbradas nas nossas retinas, por aqueles jovens da “Aviação Heróica” que nos entusiasmaram com os seus voos picados e acrobacias, há alguns anos atrás.
A mágoa e a desilusão me invadem ao verificar o desdém e o esquecimento, a que foi lançado o nosso campo de Aviação, onde esteve instalado o antigo Grupo Independente de Aviação de Caça, e onde o Aero Clube do Porto teve também as suas instalações.
Desta maneira, Espinho vê afastada uma das suas melhores distracções e o seu melhor cartaz de propaganda turística, talvez o que maior contributo tenha dado à divulgação das belezas da nossa terra.
Deixou o nosso espaço cerúleo de andar eivado de aviões, para agora, só de vez em quando, ouvirmos algum ruído atestando a passagem duma aeronave, que não conseguimos descortinar, apesar de termos rodado a cabeça aos quatro pontos cardeais, devido às performances dos aviões hodiernos.
Poderá perguntar-se: – Não haverá maneira de remediar ou atenuar essa falta? A resposta afigura-se afirmativa, não implicando mesmo feitos extraordinários, mas apenas boa vontade e entusiasmo.
Se o antigo Campo de Aviação já não reúne as condições exigidas pela Aviação Militar, talvez não seja descabida a ideia de aplicação dele à Aviação de Turismo. Para isso, procure-se autorização para nele aterrarem aviões de turismo, e depois fomente-se e constitua-se um Aero Clube em Espinho, como já houve.
Seria então necessário que a gente moça, solidariamente com as autoridades locais, se irmanasse na alta compreensão dos intuitos patrióticos e dos interesses locais trazidos por essa agremiação.
Desnecessário será mostrar ou encarecer as vantagens que a Aviação de Turismo trás à formação moral e intelectual dos seus praticantes, que nela encontram uma fonte extraordinária para fortalecer o espírito, um meio firme e seguro para entreter grande número de jovens de ambos os sexos, uma distracção útil que todos podem usufruir.
E assim, Espinho não permitirá que o seu nome, gravado a letras de ouro na História da Aviação Nacional, se desvaneça, tornando-a ainda mais brilhante, mostrando que não foi inglório o esforço e a dedicação daqueles que se foram e “se vão da morte libertando”, em holocausto à AVIAÇÃO»
A reprodução do artigo deve-se ao facto de acreditarmos que o seu conteúdo possa, de algum modo, Ter servido de incentivo à criação da obra que hoje existe, e que germinava na mente do seu mentor sobre quem escreveremos mais adiante. Antes disso, as indicações a seguir descritas servem para nos situarmos em relação ao que aconteceu no período que decorreu entre a desactivação do Campo de Aviação de Espinho e o nascer do nosso Aero Clube.