Aproximadamente um mês depois da sua entrada em funcionamento, o A.C.C.V. contava já com cerca de 300 associados. O pagamento adiantado de um ano de quotizações conferia aos sócios o direito de serem considerados sócios fundadores. De resto, assim deliberavam os estatutos primitivos no seu Artº. 8º (categorias, deveres e direitos):
«Aos sócios efectivos do Clube, que tenham feito parte da respectiva comissão de organização, e mais aqueles que tenham sido inscritos e que tenham contribuído pelo menos com a importância igual a uma anuidade até à data da 1ª. Assembleia Geral, reserva-se a designação de -Fundadores, que se averbará no respectivo bilhete de Identidade».
Esta é a justificação para, uma vez consultado o livro de registo de sócios existente na secretaria, se constatar um elevado número de associados com a categoria de fundadores.
O Aero Clube da Costa Verde apresentava uma concepção absolutamente moderna e, dos seus planos faziam parte: a criação de uma Escola de Voo com Motor; uma Escola de Voo sem Motor; uma Escola de Aeromodelismo.
Pela primeira vez em aeródromos portugueses, estava projectado criar-se o Pára-quedismo Desportivo.
Existia a promessa da construção de uma torre para saltos (*), e nessa altura, a Escola de Pára-quedismo contava com a inscrição de 24 alunos para cursos.
Quanto ao aeromodelismo pensava-se que a sua prática se processasse num ambiente totalmente aeronáutico, de modo a que os jovens se sentissem no meio adequado. Esta iniciativa era inédita entre aero clubes.
Para o voo sem motor havia um total de inscritos, na respectiva secção, que tinha atingido os 21 (7 a iniciar na aeronáutica pelo voo sem motor, e mais 14 que já eram possuidores de certificado de pilotos de voo com motor).
A grande força incidia na Escola de Voo com Motor, onde as inscrições se tinham elevado ao número de 47 alunos, 14 dos quais eram antigos pilotos que pretendiam revalidar o “brevet”.
Para um Clube que dava os seus primeiros passos, e sobretudo se tivermos em atenção a época, os números eram francamente animadores, e foi com ânimo e muita dedicação que se conseguiu fazer chegar o A.C.C.V. até aos dias de hoje.
Com o objectivo de criar um maior relacionamento entre os associados, o Aero Clube adoptou a iniciativa de organizar nas primeiras quintas-feiras de cada mês um jantar de confraternização aeronáutica em Espinho. Foi num desses primeiros jantares presidido pelo Arqº. Jerónimo Reis, que o Arqº. Guilherme Corte-Real leu uma nota sobre ofertas em dinheiro e em materiais, especialmente cimento, para a construção das instalações do A.C.C.V., a edificar no terreno que oficialmente já havia sido cedido -actual localização -. Nesse mesmo jantar estiveram presentes representantes de diários do Porto e de Lisboa, assim como do jornal “Defesa de Espinho”, a quem o Presidente da Comissão Organizadora do Aero Clube – Arqº. J. Reis agradeceu toda a colaboração prestada. Foram dados a conhecer pormenores sobre o que se pensava fazer em termos de construção das instalações do Clube no Aeródromo de Paramos-Espinho: duas edificações, a primeira formada por dois hangares, sendo um de menores dimensões -10,20 x 10,50 metros que iria ser destinado a oficina, e outro, com as dimensões de 31,20 x 20,70 metros cujo objectivo era o de recolher cerca de doze aviões tipo “Tiger”; fazendo parte da mesma edificação, mas em anexo, estavam previstos vestiários, lavabos e uma dependência para armazenagem de lubrificantes e combustíveis. Para o segundo edifício ficou prevista um amplo e panorâmico salão destinado a servir de sala de estar e bar, e que iria dispor como anexos lavabos e uma cozinha. Entre os dois edifícios estava pensada a criação de um parque de estacionamento de automóveis. Não foi esquecido que a segunda edificação acumularia funções recreativas e funções de tribuna de honra para os casos dos festivais aeronáuticos. Também os mais pequenos não foram esquecidos, porque se projectou um parque infantil.
O projecto, sob o ponto de vista arquitectónico, foi pensado de modo a ter um aspecto despretensioso, enquadramento no local, e sem esquecer as possibilidades financeiras do Clube.
Na mesma sala onde se realizou o jantar-reunião estava exposta a maqueta das instalações do A.C.C.V..
