O Grande Dia

28 de SETEMBRO de 1958 – DIA da INAUGURAÇÃO do AERO CLUBE da COSTA VERDE

Acontecimento há muito ansiado por todos, a concretização de um sonho, «e assim, Espinho não permitirá que o seu nome, gravado a letras de ouro na História da Aviação Nacional, se desvaneça, tornando-o ainda mais brilhante, mostrando que não foi inglório o esforço e a dedicação daqueles que se foram e “se vão da morte libertando”, em holocausto à AVIAÇÃO».

Dia 28 de Setembro de 1958 – data que a história não apagará.

Do jornal “Defesa de Espinho” extraímos este interessante artigo muito a propósito:

«Será Hoje Inaugurado o Aero Clube da Costa Verde com um Grandioso Festival Aeronáutico a realizar no Aeródromo de Paramos»

«O Aeroclubismo é um movimento internacional que visa criar o entusiasmo da mocidade e dos idosos pela aviação, encarada como escola magnífica de coragem e das melhores virtudes humanas, bem como ainda da educação física, nem sempre hoje em dia compreendida e praticada. Este movimento ganhou adeptos e raízes no nosso País e surgiram aqui e além, impulsionados pelo mais vivo entusiasmo, aero clubes, cujo número vem aumentando de ano para ano.

Ao encontro da ideia do aeroclubismo nacional, eis que surge a iniciativa de elementos locais e da Cidade Invicta tendentes à criação na nossa terra dum Aero Clube.

Assim nasceu e se concretizou a bela e útil ideia do Aero Clube da Costa Verde, que, além do mais, é um decisivo contributo para o Turismo Espinhense. Para que tal sucedesse, empregaram os seus dirigentes todo o seu poder diplomático e porfiados esforços.

Para assinalar a inauguração solene do novo Aero Clube, levam os seus dirigentes a efeito um grandioso Festival Aeronáutico, a realizar hoje no Aeródromo de Paramos, e que conta com o precioso patrocínio do Ministério do Exército, Subsecretário da Aeronáutica e Ministério das Comunicações. Ao festival, que, pelo entusiasmo que está a causar em todo o Norte e mesmo noutras regiões do País, deve fazer afluir ao Aeródromo de Paramos uma enorme multidão desejosa de apreciar os momentos mais emocionantes do certame, devem assistir as mais altas patentes do Ministério do Exército, do Subsecretariado da Aeronáutica e do Ministério das Comunicações, além dos dirigentes dos diversos aero clubes existentes em Portugal, autoridades civis e militares locais, e distritais, etc.

É o seguinte o programa do Festival Aeronáutico de hoje: Às 10h. -Chegada ao Aeródromo de Paramos dos aviões dos aero clubes nacionais.

Das 12 às 14h. -Almoço de confraternização Aeronáutico, com a presença das mais altas individualidades oficiais.

As 14h. -Baptismos do Ar para todas as pessoas que se inscreverem no próprio Aeródromo.

Das 14 às 16h. -Emocionantes exercícios de acrobacia aérea Espectacular lançamento de páraquedistas -Desfile de todos os aviões presentes em aparatosa parada aérea.

O Festival Aeronáutico em referência tem a participação dos aviões dos Aero Clubes e da Escola de Pilotagem da Base de S. Jacinto, do Batalhão de Pára-quedistas, de aviões a jacto, etc.

Tudo leva a crer que alguns milhares de pessoas assistam ao grandioso Festival Aeronáutico organizado pelo Aero Clube da Costa Verde.

“Defesa de Espinho”, interpretando o sentir da população espinhense, saúda calorosamente todos os participantes do Festival, augurando-lhes as maiores venturas e felicita os dirigentes do Aero Clube de Espinho pelo triunfo da sua arrojada e patriótica iniciativa».

Tinha sido elaborado um valoroso programa pelos organizadores do festival, cujo objectivo era levar até junto do público um óptimo espectáculo. Não foi esquecido que uma forma agradável de satisfazer os entusiastas mais arrojados, mas que nunca tinham voado, passava justamente pelos baptismos de voo.

No Domingo – 28 de Setembro de 1958 surgiu, como indesejável, uma chuva copiosa que se fez sentir durante uma parte da manhã, prejudicando, de algum modo, o bom andamento do festival. Chegada a hora do início do festival ainda a chuva caía, temendo-se o fracasso. No entanto, cerca das 10 horas começaram a chegar ao Campo de Aviação de Paramos os primeiros convidados: Brigadeiro Gonçalves da Silva – 2º. Comandante da 1ª Região Militar, acompanhado pelo Coronel tirocinado -Pinto de Oliveira, chefe do Estado Maior da 1ª Região Militar. Receberam os cumprimentos dos senhores: Tenente-Coronel Augusto do Carmo Machado, Comandante do G.A.C.A. 3; Capitão Belmiro Pereira, director interino da Carreira de Tiro de Espinho; arquitecto Jerónimo Ferreira Reis, Vice Presidente da Câmara em exercício, e presidente da Comissão Organizadora do Aero Clube da Costa Verde; Joaquim Moreira da Costa Júnior, Presidente da Comissão Municipal de Turismo; Tenente José Horta Monteiro, Comandante da Secção local da P.S.P.; vereadores Domingos de Oliveira e Manuel Gomes da Costa, e ainda oficiais do G.A.C.A.3, bem como outras individualidades Foram prestadas honras militares por uma bateria da artilharia. A enriquecer todo o festival, e credores das maiores honras, todos os autores do projecto – A.C.C.V..

Cerca das 11,30 horas houve uma sensível melhoria do estado de tempo, tendo cessado a chuva, o que trouxe certa alegria. Começaram a chegar os primeiros aviões procedentes de diversos aero clubes nacionais, tendo sido o primeiro a aterrar um Piper Cub, pertencente à Escola de Aviação “Dr. Bissaia Barreto”, de Coimbra, pilotado por: Viriato Namora e Antunes Varela.

Na altura, verificava-se em todo o país, especialmente por parte das camadas jovens, mas também entre os veteranos, procedentes das mais variadas profissões e condições sociais, enorme entusiasmo pela aviação, sendo da máxima importância o papel desempenhado pelos aero clubes. A essa importante onda de entusiasmo não estavam alheios o Subsecretariado de Estado da Aeronáutica, bem como a Direcção Geral da Aviação Civil, e, por isso, não só reconheciam a transcendente missão dos aero clubes, como lhes prestavam todo o apoio.

Espinho era considerada o “berço da Aviação Civil Nortenha”.
Não decorreram muitos dias entre a data da inauguração e a entrega do campo, pois no dia 13 de Outubro de 1958, foi, por fim, feita a sua entrega oficial ao Aero Clube.

Resta acrescentar que, após os três anos de inactividade, o Campo de Aviação de Espinho reiniciou

o seu funcionamento com a fundação do A.C.C.V., criado por um despacho provisório do Ministério das Comunicações de 25 de Setembro de 1958, que foi tomado definitivo, no mesmo ano, em 23 de Outubro, e que foi autorizado a utilizar as pistas do aeródromo.

Navegação

Anterior (Comissão Organizadora ACCV) 

Voltar a História

Seguinte (O ACCV um mês depois)