Mais Diligências

Das diligências que era necessário levar a cabo ressaltava a enorme necessidade de resolver o problema do hangar, e foi nesse sentido que no dia 7 de Agosto, Artur Dias Cruz -um dos homens da Comissão Organizadora de Espinho -, dirigiu uma carta, que assinou, na sua qualidade de vice-presidente da Comissão, ao chefe do Gabinete do Subsecretário de Estado da Aeronáutica, dando conhecimento do envio, nessa mesma data, de uma outra carta, essa dirigida ao Subsecretário de Estado da Aeronáutica, tentando que este movesse a sua influência junto do Ministério do Exército para a cedência de um dos hangares do Aeródromo de Paramos, a fim de vir a ser utilizado pelo ACCV. Nesta carta está escrito:

«Vem a Comissão Organizadora do Aero Clube da Costa Verde trabalhando no sentido de poder utilizar o Aeródromo de Paramos, e as instalações nele existentes, na medida estritamente necessária às suas necessidades, e sem que o uso destas instalações possa perturbar o bom regular funcionamento dos serviços do exército ali localizados.

Dispõe o Aeródromo de Paramos de dois hangares com as medidas de 45×50 e 35×25 metros, respectivamente, cuja utilização por este Aero Clube é de capital importância para as suas Escolas de Pilotagem e de Pára-quedismo, as quais registam já a inscrição, definitivamente assegurada, de 35 e 26 alunos, respectivamente para cada uma das Escolas.

É evidente que, pelo elevado número de alunos de Pára-quedismo, e ainda pelo número de pilotos a voar -22-, o hangar maior, pela compartimentação de que dispõe, seria o hangar ideal para a imediata entrada em funcionamento dessas Escolas, que apenas aguardam a aprovação final da digníssima Direcção Geral da Aeronáutica Civil.

No entanto, e na hipótese de não ser possível a cedência daquele hangar, o Aero Clube da Costa Verde não se importaria de efectuar à sua custa as reparações indispensáveis do hangar menor, em muito mau estado de conservação, mas que, juntamente com o seu anexo de 13×11 metros, poderia satisfazer, embora de modo precário, às suas necessidades imediatas.

Porque o Aero Clube da Costa Verde não dispõe ainda, dos meios económicas necessários para a construção de um hangar, vem a sua Comissão Organizadora, muito respeitosamente, solicitar os bons ofícios de V. Exa. junto do Ministério do Exército no sentido de ser cedido ao Aero Clube da Costa Verde um dos hangares do Aeródromo de Paramos, de modo a poder ser iniciada a sua actividade aeronáutica imediatamente após a esperada aprovação, para breve, por parte da D.G.AC..

Esperamos e confiamos, e connosco toda a região interessada, que V. Exa. porá todo o seu entusiasmo e carinho pelas coisas do ar, no patrocínio desta nossa pretensão». (segue fecho da carta).

Mais uma vez nos servimos do jornal “Defesa de Espinho”, onde a 20 de Agosto de 1958 é publicado um artigo que nos relata a ocorrência de uma reunião que se efectuou em Espinho (ainda vila), no restaurante “Aquário”, entre elementos locais empenhados na fundação do Aero Clube de Espinho, em conjunto com alguns aviadores civis que deram seu apoio à ideia. O jantar ocorreu na 5ª. feira dia 10 do mesmo mês. Na reunião «que decorreu num ambiente de franco entusiasmo, estiveram presentes os srs. Arquitecto Jerónimo Reis, vicepresidente da Câmara e presidente do Sporting Clube de Espinho, João Quinta, Fernando Carneiro, Artur Cruz, Manuel Pereira Valente, João Norberto Monteiro, Venceslau Pedro da Silva, e Silva Alves, da Comissão Promotora, de Espinho; Benjamim Dias, como convidado, e os aviadores civis, srs. José Serra, arquitecto Guilherme Corte-Real, Manuel Nogueira Reis, Gil de Sousa, Walter Cudell, João Quintino e Henrique Gonçalves.

Após o jantar íntimo, assentaram-se as linhas gerais dos estatutos do novo Aero Clube e foi nomeada uma comissão para ir a Lisboa solicitar das entidades competentes a autorização para a sua fundação, utilização do aeródromo, cedência de aviões, etc., e ainda para a possibilidade de se realizar em Agosto ou Setembro próximos, uma grande festa de Aviação em Espinho e no Aeródromo de Paramos.

Não é necessário encarecer a vantagem que para Espinho teria a criação do Aero Clube da Costa Verde, pois todos os Espinhenses a reconhecerão; e porque disso estamos convencidos, e porque à ideia estão ligados distintos aviadores e outros elementos valiosos, damos-lhe todo o nosso modesto apoio e auguramos o melhor êxito a tão louvável iniciativa.

Entretanto, estava já na forja a realização de um festival aeronáutico, a realizar de modo a coincidir com a inauguração do Clube, o que motivou a Comissão Organizadora a solicitar uma audiência com o Subsecretário de Estado da Aeronáutica através de uma carta enviada em 21 de Agosto.

Numa altura em que está tudo a postos para o arranque, chega do Ministério do Exército, com data de 1 de Setembro de 1958, um ofício que mais se pode considerar um verdadeiro “balde de água fria”.

Mas, o presente ofício, não passou de um incidente de percurso, de modo algum foi motivo para desistência. Os entusiastas estavam bem vivos e animados da grande vontade de levar até ao fim a sua intenção.

Era necessário solicitar ao Ministro das Comunicações autorização para a constituição do Aero Clube da Costa Verde, em conformidade com o Artigo 1º.., parágrafo 1º., do Decreto-Lei nº. 41.281 de 21 de Setembro de 1957, o que foi feito através de missiva enviada em 15 de Setembro de 1958.

Na data anteriormente referida, a sede do Aero Clube já se encontrava operativa naquela que viria a ser a sua morada oficial: Rua 15, nº.545, em Espinho, junto ao edifício da Câmara Municipal. No local, ainda hoje existente, funciona um estabelecimento comercial. A inauguração da sede ocorreria ligeiramente mais tarde.

Estávamos em Setembro de 1958. Os passos principais tinham sido dados. António da Silva Alves, A Comissão Organizadora do Aero Clube da Costa Verde, todos os pilotos oriundos do Aero Clube do Porto se tinham ligado ao empreendimento, os adeptos da aeronáutica, e os espinhenses em geral aguardavam com ansiedade o dia da inauguração…

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